quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Um barulho no meio do nada.


 Satranyr corria em meio ao vasto campo próximo a catedral, fugia de seus próprios demônios, corria em fúria pela noite bela e iluminada pela lua cheia.
   Suas mãos inquietas, iam apalpando desde seus lábios inconformados ate sua cabeça, como se segurando a sanidade que ainda lhe restava:
__O que eu fiz, o que eu fiz meu deus?!
    Se indagava enquanto corria. Uma tênue lagrima  insistia em escorrer de seus olhos amedrontados.Parou debaixo de um enorme pinheiro, sentou ainda com as mãos em sua cabeça, não conseguia entender o que acontecera antes, por que de repente tudo em que acreditava, fora sugado de sua vida, tudo o que via antes era mentira, e agora toda a verdade lhe dava socos no estomago, toda a ira da vida se instalava no seu peito, toda fúria da fome dominava sua mente.
__Ele era o demônio, ele me matou?Então por que ainda estou aqui?
   Se questionava lançando olhares atônitos entre suas mãos e a sua volta, era como se fosse dia, podia sentir todos os aromas, cada folha, flor e orvalho, ouvia cada balançar das arvores.
   Ah e a dor, a dor não ia embora, todo seu corpo parecia ter sido esmagado, cada centímetro de sua estrutura óssea parecia ter sido corrompida, cada passo dado era uma espada que penetrava sua carne que já parecia apodrecer de tao pálida.
__O que esta acontecendo comigo?


   Oh doce e meiga Satranyr, num dia, filha da realeza, acostumadas as aulas de violino, piano e francês, e no outro, corria enlouquecida, com sangue borrando seu lindo vestido de cetim em tom azul, com bordados indianos na cor branca.
   Aquele homem que dissera estar  encantado com tamanha classe de Satranyr, era o próprio demônio, pensava ela.
__Yzazel, por que fizeste isso comigo?..Por que eu ?..Dói tanto..
   Satranyr beijava sua dor se entregando ao abismo da morte, seus olhos cerravam vagarosamente, a dor consumia seus últimos suspiros, ate que um barulho a faz olhar assustada para a mata:
__Vá embora demônio, me deixe morrer sozinha! *Dizia Satranyr tentando se esquivar do olhar daquele homem.*
__Não se acanhe minha doce, eu vim para lhe salvar, lhe salvar deste mundo, lhe tirar esta dor que te acoita todos os dias, te livrar daquela sociedade que deturpa sua magnifica mente, vim te dar vida pois o que você tinha antes era sofrimento, era morte.
  Satranyr tentava correr, mas suas pernas já enfraquecidas se ajoelhavam naquela lama, se arrastava como um verme, queria viver mesmo sabendo que não conseguiria.
__Você vai me agradecer! *Dizia enquanto puxava a cabeça de Satranyr pelos cabelos ruivos e encaracolados, e a trazia para traz deixando seu pescoço e jugular a mostra*
__Você cheira a inocência e insanidade!
   O demônio crava seus longos caninos na jovem e pálida jugular de Satranyr.
___Nãããoo!!
    Os animais correram, pássaros voaram de seus ninhos, a natureza ali foi a unica que ouviu seu grito bravejado de seu mais profundo terror,aquele grito veio do inferno.
   Aquele grito anunciava a vinda de mais um demônio.